O segundo semestre de 2025, foi movimentado aqui na Arquitetura na Periferia. Estivemos presentes em diversos eventos que discutiram acesso à moradia, tema central do nosso trabalho como projeto social.

Em um momento em que este tema está em alta, participar, seja como convidada ou como plateia de eventos tão importantes, nos enche de orgulho! Vejam como foi:

14° Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. Tema: “Extremos – Arquiteturas para um mundo quente”

Marcamos presença pela 3º vez consecutiva a Bienal de Arquitetura de São Paulo. Que desta vez, aconteceu no Parque Ibirapuera, Pavilhão “OCA”. 

A Arquitetura na Periferia esteve presente com o painel “Mulheres, terra e autonomia”, que apresentou a experiência do projeto AnP- BIO, na reforma do Centro Cultural da Ocupação Paulo Freire, no Barreiro, em Belo Horizonte–MG. 

O tema trouxe uma provocação sobre os desafios que marcam o tempo presente: “Se a arquitetura tem parte na produção dos extremos do clima, do uso de recursos e da injustiça climática, qual é o papel da arquitetura para reverter esse cenário?”.

A curadoria propôs refletir sobre como a arquitetura pode responder às emergências climáticas, sociais e políticas, sobretudo em contextos de desigualdade, instabilidade e escassez. 

Simpósio Re: Arc Institute: Arquiteturas do Bem-Estar Planetário

Ato II: Enraizamento Ato III: Envolvimento

O Re:arc Institute, nosso parceiro, nos convidou para participar do simpósio, que aconteceu em São Paulo. O encontro propôs uma imersão em valores, práticas e modos de pensar que cuidam das interconexões da vida, sob o conceito de arquiteturas do bem-estar planetário. 

Convidados de diferentes campos – coletividade, ecologia, território, design e arquitetura – trouxeram experiências que entrelaçam reflexão e prática.

A programação começou com uma conversa entre Ailton Krenak, autor, filósofo e ativista indígena, e Paulo Tavares, sobre as confluências entre arquitetura da reparação e consciência ambiental global. O diálogo se abriu a partir da ocupação da Casa do Sertanista pela Embaixada dos Povos da Floresta, expandindo-se para a reflexão sobre ressignificação e reparação dos povos indígenas diante do patrimônio colonial. 

Após, houve uma conversa entre a historiadora Ana Flávia Magalhães e Paulo Tavares, que se reuniram para discutir as possibilidades da arquitetura da reparação, uma forma de engajamento no qual a ação se fundamenta na reparação, recuperação e restauração. A conversa se debruçou sobre memória coletiva, patrimônio e arquivo, com ênfase nas práticas possíveis de reparação voltadas a corpos negros diante de um passado – e presente – estruturado pelo racismo. 

“(…) pensar a arquitetura como prática de reparação abre caminho para que a arquitetura adote posturas éticas que não se baseiem nas ideologias da civilização, do progresso, do desenvolvimento e do humanitarismo, pensada e praticada como ação reparatória, a arquitetura não visa oferecer “soluções” para “problemas sociais” – ela estabelece alianças com lutas por justiça e igualdade”. [Retirado do slide do Paulo Tavares].

Congresso Internacional do CAU(Conselho de Arquitetura e Urbanismo) – Temática: “Arquitetura para todos”

O evento aconteceu em Brasília- DF e quem nos representou foi uma de nossas diretoras, Mariana Borel. A conferência teve o maior público de arquitetos de um evento da área. Além do palco principal, que recebeu as palestras centrais, houve também nove salas temáticas com uma diversidade de assuntos, abrangendo diferentes áreas de atuação da arquitetura e do urbanismo.

Abaixo, alguns dos títulos mais importantes do Congresso:

“Cidades Esponjas” – Arquiteto “Kong Jian Yu. 

Foram apresentados projetos de reestruturação urbanística que propõem uma nova relação entre cidade e natureza, a partir da integração das águas no espaço urbano. Essas iniciativas ressaltam a importância de acolher a água nos territórios por meio da captação, retenção e infiltração, como elemento essencial de vida, beleza e equilíbrio.

Kongjian Yu compartilhou também inspiradores exemplos de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) na China, revelando de forma poética e humana como é possível reconectar as cidades à água, e assim devolver-lhes o pulsar da natureza e da vida.

Pouco tempo após sua emocionante palestra, recebemos com profunda tristeza a notícia do trágico acidente aéreo que vitimou o arquiteto Kongjian Yu e mais três pessoas. A equipe da AnP expressa suas mais sinceras condolências e homenageia o legado grandioso deixado por esse visionário. Sua sensibilidade, sua visão e sua prática continuarão a inspirar gerações a sonhar e construir cidades mais vivas, humanas e em harmonia com a natureza.

“Desafios e Possibilidades nas Bases Sociais do Ensino e Formação”.

Falaram sobre os desafios de inserir as ações de ATHIS na universidade devido à falta de estrutura, recursos e valorização do campo. E como os professores e alunos precisam executar assessoria técnica de forma autônoma e, mesmo assim, conseguem resultados surpreendentes e positivos.

“Política Pública em Ações de Melhorias Habitacionais e a prática profissional do arquiteto e urbanista”.

Apresentaram a estrutura da Caixa Econômica Federal, no âmbito do apoio e financiamento aos programas governamentais.

A participação nesses importantes eventos do segundo semestre de 2025 reforçou a missão da Arquitetura na Periferia e a colocou no centro dos debates mais relevantes da atualidade. Seja na Bienal, no simpósio do Re:arc Institute ou no Congresso do CAU, a presença do projeto demonstrou como sua atuação prática está intrinsecamente ligada às reflexões sobre justiça climática, reparação histórica e o direito à cidade. 

Essas experiências enriquecem o trabalho e confirmam que a arquitetura social, protagonizada por mulheres e feita a partir dos territórios periféricos, é uma potente ferramenta de transformação e construção de um futuro mais justo e sustentável para todos.

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